A minha turma é
simpática. Durante a aula, são sossegados. Estamos a aprender a ler. Não
entendo isto. Eu já sei ler. Já há muito que tinha aprendido. Ao aperceber-se
disto, a professora vai ligar à mamã, no intervalo. Sei que é feio escutar
pelas portas, o papá já mo ensinou, mas é mais forte do que eu. Pelo que
percebo, quer avançar-me um ano, porque, como ela diz, ‘a Olivia não faz nada
nesta turma’. Não quero mudar de turma. Já me sinto assustada nesta. Se for
para uma de ainda mais velhos, iria ficar aterrorizada. Ao notar isto, começo a
chorar baixinho, para a professora não me ouvir. Já não a ouço, com os meus
soluços, por isso vou embora. Quando chego ao recreio, vejo muitos meninos a
brincar. Alguns são muito grandes. Tenho medo. Corro para um canto, sozinha, a
chorar. Porquê é que os papás me
trouxeram para aqui? Eu não gosto disto. Oiço um barulho. Olho para cima. É
um menino, da minha turma:
- Porquê estás a
chorar?
- Porque tenho medo.
Ele parece não
entender. Inclina um pouco a cabeça, olha-me e depois senta-se ao meu lado e
dá-me a sua mão:
- Se eu ficar contigo,
prometes que não choras?
Sem comentários:
Enviar um comentário