terça-feira, 17 de novembro de 2015

Um rascunho qualquer

    Ela transforma-se em fumo: dissipa-se pelo ar e não retorna. Como se aprisona o fumo? Como contê-lo, impedi-lo de fugir? Descobri como aprisionar tudo, menos a paixão. Ano atrás de ano, e sempre a mesma pergunta, sempre a mesma incógnita que permanece por descobrir. Já arranjaram modo de a desvendar? Maneira de a saber? Era tudo o que necessitava: manter este fumo encarcerado.
    Mais um dia. Hoje, apetece-me. Quero. Posso. Todas as oportunidades são minhas. Tenho-as na mão e faço delas o que acho por bem fazer. Tenho medo, mas, no meio de tudo o resto, ele não pesa. 
Vem outro. Já não me apetece. Já não quero. Já não posso. Nenhuma é minha e já nada tenho na mão. Não tenho medo, mas isso pesa-me mais do que se tivesse.
    O sol volta a nascer, e hoje voltei a ser tudo. Um ciclo vicioso, que se repete interminavelmente. Não lhe consigo ver o fim. Não consigo pôr-lhe um fim.