quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O nosso mundo

Nós podemos ser o mundo, podemos ser os mais felizes, os mais sortudos, os mais sonhadores. Podemos construir o nosso próprio lugar, tijolo a seguir a tijolo, cimento após cimento, derrocada após derrocada, juntando todas a peças dum puzzle perfeito, sem erros nem falhas. Podemos passar uma vida a construir um mundo, o nosso mundo, aquele lugar com que sempre sonhámos, onde nada nem ninguém nos ataca, onde o sol brilha todos os dias, sendo substituído à noite pela lua reluzente e pelas estrelas que brilham no escuro céu. Podemos fazer de tudo para que nada caia, para que tudo continue de pé, para que as derrocadas sejam as mínimas possíveis. Podemos entregar-nos de corpo e alma a esta construção, dando o que temos e o que não temos, o possível e o impossível. E, depois de termos lutado para que o nosso mundo estivesse pronto, tudo pode desaparecer de um dia para o outro, pode chegar um tornado que nos afugenta quem preservámos a nosso lado, podemos ver as nossas maiores construções a cair, uma por uma, graças a esse tornado que assolou o nosso mundo, o nosso lugar protegido, arruinando as nossas defesas e protecções, acabando com projectos que demoraram uma vida a construir. E depois disso tudo acontecer? Depois de nada sobrar para além de pó, fumo e pedaços das nossa construção? Temos duas hipóteses. Ou fugimos para o mundo de alguém, esquecendo tudo o que sempre desejámos e planeámos, esquecendo todo o esforço e dedicação que demos no nosso mundo, ‘hibernando’ no mundo mais próximo, protegidos pelas defesas que provém de um outro alguém, baixando as nossas próprias protecções, passando a viver sobre as regras de outra pessoa, ignorando tudo o que aprendemos, tudo o que acreditamos, seguindo alguém que pode ou não aceitar-nos como somos. Ou então podemos começar do zero, voltamos atrás para juntar as peças que ficaram espalhadas pelo solo, sobrepondo tijolos, blocos de pedra, acartando com sacos de cimento, desviando obstáculos. Talhando tudo e qualquer objecto, falando com aqueles que em tempos faziam parte do nosso lugar, desenvolvendo as nossas defesas. Podemos fugir para um outro mundo, ou podemos ficar no nosso e sermos nós próprios, seguir as nossas regras, agir da nossa maneira, andar como nós caminhamos, sem reis, sem patrões ou chefes, apenas nós e quem mais amamos, juntos num mundo. No nosso mundo. E no fim veremos que valeu a pena as noites passadas em claro, os dias passados a trabalhar, as mentes a planear detalhadamente o próximo passo, a próxima investida. No final, iremos olhar em nosso redor e dizer com um orgulho interminável: este é o nosso mundo.