Por isto, só vou à praia de noite, quando o verão reina. É lá que estou
agora. Com o meu casaco apertado até acima, pois até no verão, ao pé do mar, as
noites são frias. Vou andando lentamente até chegar à beira mar. Hoje não vou
entrar. Hoje não. Fico só a ver. A ouvir. A sentir. É lindo. Maravilhoso. Cada
onda a bater nos rochedos, ali ao lado. A chegarem aos meus pés e a voltar para
trás. Repito, lindo. Maravilhoso. Enfio as mãos mais fundo nos bolsos e fecho
os olhos. Concentro-me naquela melodia de notas, de sons. Cada um entra dentro
de mim, trazendo paz. Trazendo tranquilidade. Segurança. A areia desaparece
debaixo dos meus pés. O bar lá ao fundo, desvanece. A mente aclara-se. Nada
interessa. Nada importa. Só aquele som. Aquela música. Estou totalmente focada,
descontraída...
- Dá-me o meu sapato!
Nem me dou ao trabalho de me virar. Abro os olhos, resignada à ideia de
que nunca conseguirei encontrar paz. Pelo menos, não pelo tempo que preciso. Os
miúdos correm pela praia. Começa um conjunto de barulhos: risos, gritos, corpos
contra a areia. Suspiro.
Começo a caminhar à beira mar, de cabeça baixa. Devia ter nascido no mar. Ter guelras. Barbatanas. Ser feliz. Olho em frente quando o chão por debaixo dos meus ténis se transforma em rocha. Um rochedo. Vários rochedos. Olho para a minha frente. São tantas rochas, umas empilhadas nas outras. Formam pirâmides, montes.
Sinto uma enorme vontade de subir aquilo. De o escalar. E faço-o. Com cuidado, para não escorregar. De tudo o que preciso, uma perna partida ou um tornozelo torcido não se encontra na lista. Não sabia muito bem para onde estou a ir. Ou sequer, porquê. Sento-me, já no topo. Estou aqui a fazer o quê mesmo? Depois reparo. Não há gritos. Não há risos. Não há barulho. Há o murmúrio das ondas. Isso sim.
Antes de poder, sequer, agradecer por ter vindo parar aqui, uma onda rebenta mesmo no penedo onde me encontro. Fico encharcada até aos ossos. Mas não me importo. Olho em volta, com os braços contra o peito. Está uma mancha no escuro. Não consigo entender o que é. Semicerro os olhos para tentar descobrir o que é. Como não consigo, vou até lá. Outra vez, lá aonde? Salto de rocha em rocha e escorrego, até, em algumas, recuperando, porém, o equilíbrio.
Chego lá e vejo que é uma entrada. Espreito lá para dentro. É uma gruta. Com uma luz bem no meio. O que será que há lá dentro? Morcegos? Os morcegos gostam de grutas.
Entro. Não reparo que aquele rochedo servia como degrau, por isso caio para a frente quando sinto que o chão não está onde era suposto estar. O meu corpo embate contra algo molhado e áspero. Água e areia. Deixo-me estar assim. Que terá esta gruta? Aranhas? Lagartos? Caranguejos, provavelmente?
Não sei. Não quero saber. Estava ali. Só se ouvia o som do mar. Nada de gritos ou risos ou corpos a embater no chão. Só eu. Só o mar. Só a noite.
Começo a caminhar à beira mar, de cabeça baixa. Devia ter nascido no mar. Ter guelras. Barbatanas. Ser feliz. Olho em frente quando o chão por debaixo dos meus ténis se transforma em rocha. Um rochedo. Vários rochedos. Olho para a minha frente. São tantas rochas, umas empilhadas nas outras. Formam pirâmides, montes.
Sinto uma enorme vontade de subir aquilo. De o escalar. E faço-o. Com cuidado, para não escorregar. De tudo o que preciso, uma perna partida ou um tornozelo torcido não se encontra na lista. Não sabia muito bem para onde estou a ir. Ou sequer, porquê. Sento-me, já no topo. Estou aqui a fazer o quê mesmo? Depois reparo. Não há gritos. Não há risos. Não há barulho. Há o murmúrio das ondas. Isso sim.
Antes de poder, sequer, agradecer por ter vindo parar aqui, uma onda rebenta mesmo no penedo onde me encontro. Fico encharcada até aos ossos. Mas não me importo. Olho em volta, com os braços contra o peito. Está uma mancha no escuro. Não consigo entender o que é. Semicerro os olhos para tentar descobrir o que é. Como não consigo, vou até lá. Outra vez, lá aonde? Salto de rocha em rocha e escorrego, até, em algumas, recuperando, porém, o equilíbrio.
Chego lá e vejo que é uma entrada. Espreito lá para dentro. É uma gruta. Com uma luz bem no meio. O que será que há lá dentro? Morcegos? Os morcegos gostam de grutas.
Entro. Não reparo que aquele rochedo servia como degrau, por isso caio para a frente quando sinto que o chão não está onde era suposto estar. O meu corpo embate contra algo molhado e áspero. Água e areia. Deixo-me estar assim. Que terá esta gruta? Aranhas? Lagartos? Caranguejos, provavelmente?
Não sei. Não quero saber. Estava ali. Só se ouvia o som do mar. Nada de gritos ou risos ou corpos a embater no chão. Só eu. Só o mar. Só a noite.
2 comentários:
Gostei mesmo muito , continua :)
obrigadaa <3
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