quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Tenho 13 anos e (...)

Já não falo com o Jaime à imenso tempo. Não sei o que se passa. Simplesmente não sei. Um dia ele não ligou. Nem no dia a seguir. Ele ligava sempre. Pensei que se tivesse passado algo, por isso deixei estar. Ao quarto dia liguei de volta. Ele não me atendeu. Nem no dia seguinte. Nem no a seguir. Foi como se tivesse desaparecido. A minha mãe tentou contactar com a mãe dele, mas sem sucesso. Perguntei ao meu pai por ele, se o tinha visto, se sabia de alguma coisa. Mas ele também não sabia. Ganhei coragem e liguei a uma ex-colega minha. Ela também não sabia dele. Um dia, ele não tinha aparecido na escola. E a partir daí, nunca mais ninguém o viu. Ninguém sabe nada dele, ou dos pais.
Agora, passado 7 meses desses dias, ainda me pergunto se ele é real. Todos os dias lhe ligo, e todos os dias recebo o silêncio. Será que ele existiu mesmo? Ou foi produção da minha imaginação? Às vezes penso que não. Que ele não é real, que ele foi algo que eu inventei para me sentir melhor. Mas depois sinto aquele colar, frio, gelado contra a minha pele, e sei que ele teve de existir. Recordo aquele nosso toque, que é nosso, só nosso e de mais ninguém. E sei, sinto, que ele existe. E isso, leva-me a uma terceira conclusão, que me dói só de pensar. Mas rejeito-a. Se isso tivesse acontecido, o meu pai saberia. Ele era amigo de família desde os meus seis anos, ele teria sabido, bem como os colegas da escola. Eles saberiam, claro que saberiam. Óbvio que sim.
Talvez ele tenha apenas seguido em frente, mudado de casa, de cidade, quem sabe, até de país. Não tenho de me preocupar. Ele está bem. Ele tem de estar bem.

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