terça-feira, 2 de outubro de 2012

O mar é fiel 14*

A casa do Frederico é, sem dúvida alguma, a casa mais estranha em que já entrei. Nem sei se casa, é o termo correto. Consiste em duas divisões, única e exclusivamente, casa de banho e depois outra que serve de sala, cozinha e quarto. É o contraste da minha, com todas aquelas divisões e quartos que nem utilidade têm. Por isto, prefiro, instintivamente, a dele. 
- Pensei que os rapazes fossem desarrumados – digo, com um sorriso na voz. 
Apesar de pequena, cada coisa tem um sítio e nada está fora do lugar.
- Ah Ah Ah, que piada, ainda há rapazes arrumados, sabias?
- Sim, mas tu já não és um rapaz, pois não?
- 19 anos, está mais do que dentro dos limites – diz-me, piscando o olho.
- Ah, claro, claro.
19 anos. 17 anos. 2 anos de diferença. Faz mesmo a diferença?
- Bem, deves querer tomar banho, não?
- Vai tu primeiro, estás em pior estado que eu.
- Não, não, senhoras primeiro - e faz uma vénia.
- Sempre muito cavalheiro.
Ele ri-se. Ultimamente, ele ria-se muito. Eu adoro isso. Vê-lo feliz.
- Sabes? Eu tenho um problema.. - digo.
- Qual?
- Visto o quê? Não tenho roupa..
Pouso a mala na cama dele. É grande, de casal. 
- Eu arranjo-te qualquer coisa, espera só um bocadinho – e dito isto, vira-me as costas e entra numa porta que eu nem dei conta que existia. Continuo a observar aquele espaço, tão diferente. Há uma cama, mais ou menos a meio. Em frente há um pequeno móvel com uma televisão daquelas antigas. Num dos lados, é a 'cozinha'. No outro, há armários e estantes. 
Passado um bocado, ele regressa e mete-me uma camisola, calças e roupa interior de rapariga. Olho para ele, com a pergunta na ponta da língua mas ele apressa-se a desculpar-se.
- Não é meu! Quer dizer, óbvio que não é meu, mas também não é de nenhuma amiga minha, era da filha do dono disto. Ela esqueceu-se cá.
- Claro…
- Eu não nunca fui rapaz dessas coisas oh - sorri-me e encaminha-me para a casa de banho.
- Pronto – diz, ao tirar uma toalha de um móvel branco – está aqui, está à vontade sim?
Fica. Fica nada, estás parva? Por favor.
- Está bem, obrigada – digo e sorrio.
Pega-lhe na mão, diz-lhe para ficar. Ele quer isto, tanto quanto tu.
- Bem, até já.
Agora!
Agarro-lhe levemente na mão, o que o faz parar. O meu coração dispara. Será que ele o ouve? Que estou a fazer? O que queres, o que precisas. Mas é correto? Claro que sim.
Não sei se ele me ouve, ou compreende. Só sei que ele se vira para mim, devagar. Sinto-o a agarrar-me na cintura e a puxar-me para ele. As minhas mão, agarram-lhe o pescoço. Ponho-me em bicos de pés, e chego os meus lábios aos dele. Ao inicio, tenho medo. Eu e ele. Sinto-o no seu toque. Mas depois, perde-mo-lo. Ele encosta-me ainda mais a si. Nunca senti nada assim. As borboletas no meu estômago imploram por mais.
- Queres que fique? - diz, ao afastar os lábios.
- Quero - a respiração está tão irregular, que quase me atropelo nas palavras.
Ele sorri. É lindo vê-lo sorrir. Ele beija-me outra vez. Sinto-lhe as mão a tirarem-me a camisola. E depois eu tiro-lhe a dele. Vejo-lhe os abdominais, tão perfeitos. Acaricio-os, sentindo o coração dele a bater descontroladamente no peito e depois, beijo-os: a pele por debaixo dos meus lábios arde. Ele beija-me, o pescoço, os ombros, os braços. A minha pela ferve, ao toque dele. Sinto-me mais viva do que nunca, como se aquele fogo jamais se extinguisse. Como se aquele momento fosse eterno.

2 comentários:

ann disse...

continuaaaaa! adorei

Ana. disse...

nao tens de agradecer, serio querida :D