segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O mar é fiel 13*

Sinto-me tão confusa.
- Porque é que te preocupas? Porque é que arriscaste a vida desta forma? Não importa, eu não importo.
- Importa sim. Pela primeira vez, alguém gostou de mim pelo que sou e não pelo que tenho. Não achas que essa pessoa é importante?
- Eu…
Não consigo terminar a frase. Ele abraça-me, um abraço desesperado, um abraço de medo, como se temesse não poder voltar a fazê-lo.
- Eu preciso de ti. Não me ouviste? Tens valor, és importante. - aquelas palavras, fazem-me sentir tão bem; não me lembro da última vez que foi importante para alguém, a última vez que tive valor.
Não consigo responder-lhe. Esta proximidade tira-me o ar, prende-me as palavras na garganta e tira todos os pensamentos da minha mente. 
BAM.
O trovão chama-nos à realidade. Ele afasta-se de mim e eu tento normalizar a respiração, inspirando e expirando várias vezes. Quando reparo, ele já está de pé, com um braço estendido na minha direção.
- Anda, temos de sair daqui.
Agarra-lho a mão com força e levanto-me. Encosto-me a ele. Sinto-me tão bem ali, mas tão bem. Eu sou mais baixa que ele, aí uns dez centímetro. Ele ri-se alto, uma gargalhada que difere de tudo o que está ali. Afasto-me e olho para ele, tentando entender o motivo da sua felicidade. Ele, porém, limita-se a encolher os ombros. 
- Não tens frio? Estão cerca de 10º, menos até, e tu só tens uma camisola a proteger-te.
- Sim, mas eu ainda tenho umas calças para vestir, enquanto que tu tens a roupa toda encharcada..
Ele olha para baixo e pela cara que faz, algo me diz que não sabia que se tinha lançado ao mar totalmente vestido.
- Pois, talvez seja melhor ir a casa mudar de roupa.
Olha para mim e aceno com a cabeça. Vou até onde deixei as minhas calças. Grande desilusão: estão empapadas, com areia, água do mar e água da chuva. Estou a fitá-las, quando o Frederico vem ter comigo.
- Não creio que isso vá ser muito confortável…
- Nem a ti nem a mim.
Suspiro. Não quero nada ir a casa, isso significa ver a minha mãe. Mas a ideia de ficar ali, exposta ao frio, também não me agrada muito. Começo a deslocar-me pela praia a apanhar as minhas coisas. Perdi por completo as meias, e a minha t-shirt está tal e qual como as calças. Apanho os ténis e a mala. Agradeço ao meu subconsciente por a ter atirado para tão longe do mar.
- Anda daí, vamos para minha casa.
Olho-o, completamente embasbacada. Ele cora, e baixa o olhar. Sinto as bochechas a arder. Será que também estou a corar?
- Pronto, era só uma ideia. Se não quiseres, eu entendo, na boa.
- Não, não. Eu quero.
- A sério? – e olha-me, com o maior sorriso do mundo. Um sorriso belo, por sinal.
Tens a certeza?
- Sim, acho que neste momento é o melhor sítio para eu ir.
Ele estende-me a mão:
- Anda, então.

4 comentários:

ann disse...

está tão bonito. tenho continuado a seguir esta historia. mas como andei longe, parecia-me adequado manter em segredo isso. continua, está cada vez melhor!

ann disse...

obrigadaaa :)

Daniela disse...

Viciei completamente nas tuas histórias! :o Adorei!

Segui o teu blog, segues de volta? c:
http://daniela-diariodeumaadolescente.blogspot.pt/

Kiiss :3

Beatriz Marques disse...

BleuGirl, simplesmente amei o teu blog. Adoro a maneira como escreves, nota-se que o fazes com o coração. Continua a escrever, por favor. Não há muitas pessoas jovens que gostem de escrever e realmente têm talento. Tu tens um dom, aproveita-o bem.

Beijo

e visita o meu blog, talvez gostes:http://ummundopalavra.blogspot.pt/