sábado, 1 de junho de 2013

O mar é fiel 24*

Não sei onde estás. À dias que não te vejo. À dias que não cá estás. Onde foste Frederico? E porquê é que não voltas? Já passaram 9 dias desde que vi aquele recado em cima da mesa. 
Desculpa, mas tenho de ir, não sei para onde, mas tenho. Não sei quando volto, mas prometo que o faço. Promete-me que não fazes nenhuma loucura enquanto estou fora. Amo-te.
- Volta - grito, enquanto mando com a mesa da sala ao chão.
Não é justo, não é. Durante muito tempo pensei não aguentar mas ele pediu-me para tentar e eu fi-lo. Por ele, eu tentei. Dei o meu melhor para mudar, para o fazer ficar e mesmo assim ele decidiu não ficar.
Promete-me que não fazes nenhuma loucura. Como é que és capaz de me pedir para não fazer nenhuma loucura quando tu próprio fizeste uma destas? E se te preocupas tanto, porque é não ficaste para garantires que eu ficava bem? 
Não consigo entender, por mais que tente, o porquê dele fazer uma coisa destas. Tento acalmar-me e pensar com clareza mas torna-se difícil fazê-lo. Sento-me no chão e começo a inspirar fundo. Lembro-me dos últimos dias antes dele se ir embora. Andava estranho, taciturno. Para mim, era óbvio que algo se passava, conhecia-o há tempo demais para não notar que algo não estava bem. Porém, por mais que tentasse, não consegui descobrir o que era. E ainda agora, tento entender o que lhe ia na cabeça, no entanto o resultado é nulo. Perguntei-lhe, diversas vezes, o que se passava, mas ele limitava-se a dizer que estava tudo bem, que nada se passava. Era claro que mentia, mas quando ele se fechava numa concha ninguém lhe conseguia arrancar a verdade. Nem mesmo eu.
No dia em que cheguei a casa e dei de caras com aquele papel, pensei que ele voltasse à noite. Por isso, sentei-me na cama e esperei. 8 da noite. 9 da noite. 10 da noite. As horas voavam e nada. Parte de mim sabia que ele não iria voltar, não naquela noite, mas não consegui sair dali. Quando dei por mim, eram 7 da manhã e o sol já estava a nascer. Tomei banho, arranjei-me, e fui para a faculdade, convicta que quando voltasse, ele estaria à minha espera. Mas não estava. Não nesse dia, não no dia seguinte, nem no outro. Nem no outro. Mantive-me calma. Ele disse que voltava e eu acreditei. Eu acredito que ele vai voltar. Mas quando?
Decidi que tinha de entender o que fazer. Há uns meses, uma tempestade deu cabo da casa onde eu e o Frederico vivíamos, pelo que tivemos de nos mudar para a minha casa. A ideia não me agradou particularmente, mas para ele, foi-lhe indiferente. Desde que estejamos juntos, Lua, por mim pode ser. O problema é que agora já não estamos juntos. E a dúvida de quando voltaremos a estar apodera-se de mim. Todos os dias é o mesmo. Levanto-me, vou para as aulas, fico na esperança vã que ele volte e depois, ao voltar para casa, caio na realidade que ele não está aqui. 
Estou no fim do terceiro ano de faculdade. No verão, fazemos 4 anos de namoro. Dentro de dois meses, fazemos 4 anos de namoro. Ou faríamos. será que por esse altura ele estará de volta? Não sei. Já não sei nada. Por enquanto, limito-me a acreditar que um dia chegarei a casa e ele estará à minha espera, tal como dantes. Limito-me a acreditar que um dia acordarei com ele a chamar por mim, como costumava fazer. Por enquanto, limito-me a existir, agarrando com todas as minhas forças as memórias que construímos. Porque neste momento, é a única coisa que me impede de afundar.

4 comentários:

desconhecida disse...

Adoro esta história e mal posso esperar pelo próximo capítulo (:

Anónimo disse...

Adorando... Mal posso esperar pela continuação.

Anónimo disse...

Mais?

Anónimo disse...

Desististe?? :-(