sábado, 16 de fevereiro de 2013

O mar é fiel 21*

Já tinha passado quase duas semanas desde a última vez que tinha falado com o Frederico. Já tinha perdido a conta às mensagens que lhe tinha enviado e às chamadas que ele me tinha rejeitado. Vai ter com ele. Mas eu não consigo. Sei que ele está magoado comigo, e com razão. Eu errei e muito. Se for a casa dele, muito provavelmente vou ficar à porta, pois ele não me quererá ver. Que tens a perder? Ele já não fala contigo, não há mais nada que possa fazer. Mas eu tenho medo. Medo que ele me rejeite de novo, que me feche a porta na cara ou pior que isso, que nem a abra. Não quero isso. Quero falar com ele, dizer-lhe que vou mudar, que vou voltar a ser a rapariga que ele conheceu naquele verão. Quero dizer-lhe que o amo e que por ele eu sei que consigo. Preciso de lhe dizer. 
Estou prestes a abrir um buraco no chão. Vou ou não vou? Vou ou não vou? Vou ou não vou? Ando de um lado para o outro no quarto, perdida em pensamentos e questões. Vai, é melhor ires, saber bem que sim. Se for, ele pode não querer falar comigo, pode-me rejeitar, mas ao menos fica a saber que eu me preocupo e que tentei. Se não for, ele vai ficar a pensar que não me preocupo com a nossa relação, que para mim isso não é importante. O que não é verdade. Decido-me a ir. Visto-me à pressa, pego na mala e saio de casa. As nuvens tapam o sol e ameaçam chuva. Acelero o passo quando começo a sentir pingos na cara e no cabelo. Quando chego a casa dele, há estou toda ensopada, com a roupa colada ao corpo e cheia de arrepios. Ao bater à porta, noto que as mãos me treme e algo que me diz que não é do frio. Porque é que eu vim? Ele não consegue olhar para mim, nem sequer atender uma chamada ou responder-me às mensagens. Jamais aceitaria falar comigo. Ele tinha deixado bem claro que tinha acabado. Bato mais uma vez. Será que ele está em casa? Pode se ter ido embora.. Desvio esta ideia da cabeça. Ele não podia ter-se ido embora assim, ele não o faria. Bato mais uma vez. E outra. E outra. As lágrimas já me escorrem pela cara abaixo e acabo por deixar cair a mala no chão. Ele deixou bem claro que tinha acabado e eu fui burra ao achar que o poderia ter de volta. Tem calma, pensa. Não consigo. Não consigo pensar, não consigo raciocinar, simplesmente não dá. Bato outra vez na porta, e quando a mão começa a deitar sangue por raspar na madeira, acabo por desistir. As pernas tremem-me tanto, que acabo por cair ao tentar sair dali. Não podes desistir! E faço o quê? Não sei, pensa! Ele não podia ter ido embora. Por mais magoado que estivesse, ele não o faria, não sem me dizer alguma coisa. Ele tem que voltar, eu sei que sim. Mostra-lhe que te importas. Óbvio que me importo. Ele é tudo o que me resta, corrói-me por dentro não poder estar com ele, não suporto a ideia de o ver assim, de nos ver assim. Eu preciso dele, já não tenho mais nada. Ele tem de voltar. Mais tarde ou mais cedo. E quando voltar, eu vou estar ali. Ali mesmo, à espera dele.
Limpo as lágrimas e encosto-me à parede, puxando a mala para ao pé de mim. Quando ele voltar, nós vamos voltar. Não importa o tempo que demore, eu estarei ali à espera dele, ali para lhe dizer tudo o que sinto e penso. Se depois disso, ele quiser acabar, então eu respeito. Podia ter acabado para ele, mas não para mim. 

4 comentários:

desconhecida disse...

que lindo, adorei. Ansiosa pelo próximo.

Anónimo disse...

Adorei. Estou ansiosa pelo resto. Continua!

DMR @ disse...

Está tão lindo , oh meu deus , deixas'te'me c as lágrimas nos olhos

DMR @ disse...

Está lindo , oh meu deus , deixas'te'me com as lágrimas nos olhos *-*